O movimento é, antes de tudo, o desdobramento do músculo em movimento. O esforço do atleta é cada vez mais rápido, cada vez maior. A corrida frenética em direção a novos recordes. A marcha rumo aos Jogos Olímpicos de atletas de todo o mundo caminhando na mesma direção e em direção ao mesmo objetivo.
O movimento é também a evolução de corpos que navegam entre gêneros, entre espaços, temporalidades, entre países. Um movimento mais ou menos fluido, mais ou menos caótico, mais ou menos perigoso. Uma mudança no que foi adquirido e atribuído. Uma questão suscitada pela necessidade de ser e possuir aquilo para onde caminhamos.
O movimento é então o que ultrapassa as fronteiras, sejam elas reais ou imaginárias, físicas ou simbólicas. Quem abrange o impossível e o proibido. E que oferece outra perspectiva sobre o que era considerado imutável.
Sobre o Prix Photo
Rodrigo Masina Pinheiro
Luiz Gustavo Gomes Cardoso
Samy Sfoggia
Luisa
Luiza Possamai Kons Luiza Kons
Ricardo Tokugawa
Marina Alfaya
1º Lugar — Rodrigo Masina Pinheiro — GH, Gal e Hiroshima — 1º Lugar — Rodrigo Masina Pinheiro — GH, Gal e Hiroshima
Quando alguma coisa horrível acontece a uma criança, a realidade se torna oblíqua. Masina lembra, por exemplo, que quando chegou na porta de casa, depois de ter corrido do apedrejamento, a sua ideia sobre religião havia mudado. Antes de abrir a porta sentiu que o que era ensinado sobre perdão era abstrato, condescendente, igual a um remédio temporário. No dia seguinte ela teria que andar na mesma rua. E quando cruzasse com essas pessoas mais velhas não teria como fingir que correr das pedras era parte da brincadeira. Perdoar era uma fantasia.
No final da seleção das fotografias, há também o momento da realidade que se dá no encontro. A imagem das pernas entrelaçadas é uma afirmação de vida. Queremos imaginar infâncias dissidentes livres. O sonho é esse.
2º Lugar — Luiz Gustavo Gomes Cardoso — In Situ — 2º Lugar — Luiz Gustavo Gomes Cardoso — In Situ
O ensaio começa quando o autor, após suas pesquisas sobre suas raízes e a história do negro brasileiro, começa a sonhar com cenas e a protagoniza-las. Nos sonhos o autor toma a forma desses personagens que se assemelham a ele e, a partir dessas imagens inconscientes, começa a materializar suas primeiras imagens.
O ensaio tem como objetivo principal a busca pelas raízes e o autoconhecimento, abrindo diálogo com o espectador, instigando sua imaginação a buscar essas imagens de um tempo não vivido, para que sejam materializadas no campo dos sonhos. Buscar o passado nesse contexto é bastante difícil, porque durante quase todo o período de escravização não existia o advento da fotografia, que surgiu por volta de 1820. As coisas que foram documentadas eram pintadas ou escritas e, lógicamente, quando feitas, eram feitas por mãos brancas. Como seria a documentação imagética de uma pessoa negra que viveu nessa época? Sobre as coisas boas, as ruins, as belas e as misticas?
No projeto, as imagens são realizadas com a maior fidelidade possível aos sonhos e, para isso, os conceitos de algumas vanguardas artisticas foram mesclados (dadaísmo, surrealismo, expressionismo). Tecnicamente, as imagens são realizadas em longa exposição, com ou sem flash e em lugares, situações e momentos diferentes. No pós tratamento, é adicionada a camada estética que remete à forma como as imagens foram sonhadas.
3º Lugar — Samy Sfoggia — Period — 3º Lugar — Samy Sfoggia — Period
Prix Lovely House — Luisa — Deriva — Prix Lovely House — Luisa — Deriva
Prix Photo Climat — Luiza Possamai Kons Luiza Kons — Em nome da mãe e do pai (2020-) — Prix Photo Climat — Luiza Possamai Kons Luiza Kons — Em nome da mãe e do pai (2020-)
É no seio familiar dos ensinamentos passados em nome da mãe e do pai, que escutei como deveria me comportar. E senti o abismo entre dois universos: aquele que dizem real e o meu mundo particular de imagens/ palavras mentais. Da tensão e estranheza entre estes encontros, adentro em nossas próprias histórias que me descolam para um imaginário rural no sul do Brasil, da própria realidade ficcional, dos sonhos que anseiam em se materializar. Como uma rede espiralada.
Dez anos depois de receber o diagnóstico de TEA em busca de ordenar a confusão mental que habito: nas fronteiras entre fotografia e teatralidade enceno em autorretratos e em imagens textuais o estranhamento de minhas relações comigo mesma, e com meus pais, e irmãos, na cartografia de dois mundos que anseiam por se tocar.
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A angústia perante o descaso do governo em meio a crise sanitária, da Covid, no Brasil, com seus mais de 650 mil mortos mudaram minha perspectiva sobre a fotografia. Se escolhem os corpos que devem ou não viver, se estamos ilhados, entendo que precisamos nos narrar. Resistir. Não permitir que nos apaguem. Em cada micro história habitam, infinitas outras, que não tiveram a chance de se expressar.
Menção Honrosa — Ricardo Tokugawa — Utaki — Menção Honrosa — Ricardo Tokugawa — Utaki
Júri Popular — Marina Alfaya — Sonho morno — Júri Popular — Marina Alfaya — Sonho morno
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CONFIRA OS PRÊMIOS DA EDIÇÃO - CONFIRA OS PRÊMIOS DA EDIÇÃO - CONFIRA OS PRÊMIOS DA EDIÇÃO
Prêmio Residência
Artística na França
-Voo internacional com a Air France;
-Residência artística de 3 meses em Paris como parte do programa "Institut français x Cité internationale des arts";
-Rede de contatos e apoio profissional pelo Réseau Diagonal, pelo Institut français de Paris e pela Cité internationale des arts.
-Exposição na Alliance Française
Prêmio
Lovely House
- Exposição na Aliança Francesa
- Projeção no âmbito da noite Iandé durante o festival Les Rencontres d'Arles
Prêmio
Ateliê Oriente
- Exposição na Aliança Francesa
Prêmio Voto
do Público
Prêmio Bienal
PhotoClimat
Amazônias: Madeira de dentro. Madeira de fora
O tempo é alfinete: encontro com os diários fotográficos de Joaquim Paiva
Abertura do edital do programa de residência artística “O Caminho”
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Erika Negrel
Erika Negrel é secretária-geral da Rede Diagonal, uma rede francesa de espaços dedicados à fotografia, desde 2017. Trabalha, há mais de 10 anos, em programas de residência em arte contemporânea e participa, desde 2008, no desenvolvimento da rede territorial de arte contemporânea da metrópole de Marselha, “Provence Art Contemporain”. É também co-fundadora do programa “Coletivo”, de apoio à profissionalização para artistas visuais da Região Sul.
Denise Zanet
Diretora da Initial LABO localizada em Boulogne-Billancourt, Denise Zanet criou um espaço onde convivem profissionais e amadores, a fim de incrementar uma nova dinâmica que valoriza e promove a exposição de fotógrafos.
Initial LABO traz um conceito inovador totalmente dedicado à arte da fotografia em torno do laboratório fotográfico: uma galeria, uma livraria e uma loja dedicadas à fotografia.
Colabora com importantes projetos fotográficos e participa diretamente com Visa Pour l’Image, Planches Contact à Deauville, Festival Photo La Gacilly, Les Escales Photo, Prix Résidence pour la photographie de la Fondation des Treilles, L’oeil Urbain, la manifestation Réflexivités à Lourmarin, la Fondation Carmignac e mais recentemente com les Rencontres du 10eme à Paris.
Denise Zanet está na origem do mecenato que, juntamente com a Biblioteca Nacional da França, constitui há 5 anos uma coleção de fotógrafos contemporâneos brasileiros Un Fonds Photographique Brésilien.
Além deste projeto, trabalha para a difusão da fotografia brasileira na França através de uma curadoria especializada de livros fotográficos brasileiros na livraria e a implementação de encontros e programações em diferentes instituições e festivais, como no OFF durante o Festival de Arles 2023.
Marly Porto
Marly Porto atua no campo do estudo e pesquisa sobre fotografia brasileira, seus processos, práticas e teorias, há mais de 20 anos. Bacharel em “Arte: História, crítica e curadoria” (Pontifícia Universidade Católica) e Mestre em “Estética e História da Arte” pela Universidade de São Paulo é autora do livro Eduardo Salvatore e seu papel como articulador do fotoclubismo paulista (2018).
Curadora adjunta da Coleção de Fotografias Brasileiras Contemporâneas da Bibliotèque nationale de France (BnF) desde 2023, é também a criadora do Festival Photothings de Fotografias.
Desenvolveu a área de projetos artísticos para o Institut d’ Education et des Pratiques Cittoyennes (IEPC), instituição que reúne 13 creches para crianças de 0 a 3 anos, localizadas em Aubervilliers (Paris), entre os anos 2018 e 2020.
Como palestrante participou da conferência In black and white: photography, race and the modern impulse in brazil at midcentury apresentada pelo Museum of Modern Art (MoMA, New York, 2017) entre outras, ministradas em São Paulo (Brasil), Zagreb (Croácia) e Ciudad de Mexico (México).
Assina a coordenação de inúmeros livros, exposições e seminários sobre fotografia.
Héloïse Conésa
Com doutorado em história da arte, Héloïse Conésa é chefe do departamento de fotografia e curadora responsável pela fotografia contemporânea na Bibliothèque nationale de France desde 2014. Anteriormente, no MAMC em Estrasburgo, foi curadora das exposições Robert Cahen, Entrevoir e Patrick Bailly Maître Grand, colles et chimères. Na BnF, ela foi curadora principal ou associada de várias exposições, incluindo Paysages français, une aventure photographique (BnF, 2017), Denis Brihat, de la nature des choses (BnF, 2019), Ruines – Josef Koudelka (BnF, 2020), Ce monde qui nous regarde : les 15 ans de l’agence NOOR (BnF, 2022), Noir et blanc, une esthétique de la photographie (BnF, 2023), Epreuves de la matière, la photographie contemporaine et ses métamorphoses (BnF, 2023). Ela ajudou a dirigir a grande comissão fotográfica confiada à BnF pelo Ministério da Cultura: “Radioscopie de la France des années 2020” (Radioscopia da França dos anos 2020), e foi curadora da exposição que a produziu: La France sous leurs yeux (BnF, 2024).
Matheus Leite
Natural de Salvador, Matheus L8, em sua obra, busca explorar a riqueza étnica e estética do Brasil, utilizando a história como uma lente para compreender e se relacionar o mundo. Transcendendo entre a fotografia, o audiovisual e a música, o artista se dedica a capturar em imagens os múltiplos aspectos da cultura negra, da diáspora e das complexidades da identidade negra.
Seu percurso nas artes visuais é marcado por uma jornada autodidata, onde aprimorou sua técnica como meio para expressar seu olhar
Em 2020, Matheus L8 conquistou o prêmio internacional de fotografia da Sony, o Sony World Photography Awards, com uma fotografia da série “Afrocentrípeta”, que pensa as reverberações da diáspora sob uma perspectiva intrarracial.
Em 2023, Matheus foi vencedor do Prêmio Nacional Pierre Verger pelo seu trabalho na série “As Caretas do Mingau”. Como fotógrafo é responsável pela identidade visual do festival Afropunk Brasil.
Lucie Brechette
Lucie Brechette é gerente de projetos no Instituto Francês, no Departamento de Mobilidade e Eventos Internacionais. É responsável pelo programa de residência multidisciplinar Institut français x Cité internationale des arts, que recebe mais de 70 artistas estrangeiros por ano em Paris. Trabalhou em Montreal, na Darling Foundry e no Palais de Tokyo, no Departamento de Artes Performativas. É também cofundadora e membro ativo do coletivo curatorial Magnetic Fields, que organiza exposições na Île-de-France.
Denise Camargo
Artista visual, curadora, educadora, gestora cultural. É doutora em Artes (Instituto de Artes/Unicamp) e mestra em Ciências da Comunicação (Escola de Comunicações e Artes/USP). Sua atuação artística abrange a poética das relações, as matrizes ancestrais das diásporas negras, os corpos em territórios de resistência social e política, as políticas das representações. Sua abordagem é autobiográfica e contra-colonial. Suas linguagens são a imagem fotográfica, a escrita e leitura performativas. Sua produção é vetor para o ensino e para a pesquisa que desenvolve no Programa de Pós-graduação em Artes Visuais no Departamento de Artes Visuais, da Universidade de Brasília, onde é docente.
Luciana Molisani
Luciana Molisani é editora, curadora de livros de arte e desenhista gráfica, graduada em Artes Visuais pela FAAP-SP. Em 2018, em parceria com José Fujocka, inaugura a Lovely House, editora e casa de livros especializada em publicação e comercialização de livros de arte, com ênfase em fotografia. Idealiza e coordena a IMAGINÁRIA_Festa do Fotolivro, o primeiro festival brasileiro dedicado aos livros de fotografia que teve a sua 1ª edição em 2021. Ao lado de Daniele Queiroz, fez a curadoria da exposição Constelações Latinas – encontros em fotolivros, com a participação de artistas latinas e que tem transitado por festivais, como IMAGINÁRIA_02 e Solar Foto Festival.
Marcela Bonfim
Economista, Marcela Bonfim, era outra até os 27 anos. Na capital paulista, acreditava no discurso da meritocracia. Já em Rondônia; adquiriu uma câmera fotográfica e no lugar das ideias deu espaço a imagens e contextos de uma Amazônia afastada das mentes de fora; mas latentes às vias de dentro. As lentes foram além; captando da diversidade e das inúmeras presenças negras; potências e sentidos antes desconhecidos a seu próprio corpo recém-enegrecido.
Em seu trabalho ela aborda a questão: quanto tempo demora, o negro, para se firmar nesse mundo (in)visível?
Para saber mais sobre o trabalho de Marcela Bonfim: www.amazonianegra.com.br e www.madeiradedentro.com
Nicolas Henry
Nicolas Henry é um fotógrafo e diretor artístico francês. Primeiro designer de iluminação e cenógrafo, depois diretor do projeto “6 milliards d’autres” de Yann Arthus-Bertrand, ele agora desenvolve seu trabalho pessoal. As suas séries produzidas em todo o mundo, os seus contos fotográficos e as suas instalações monumentais são o teatro de universos oníricos construídos por comunidades inteiras, que testemunham os seus compromissos solidários, humanistas e ambientais.
Paulo Marcos
Paulo Marcos de Mendonça Lima é fotógrafo profissional desde 1980, curador, professor e produtor cultural. Foi editor de fotografia dos Jornais O Globo, Lance! e O Dia. Em 2007 publicou Kuaruap Quarup, com textos de Antônio Callado e Milton Guran. É coordenador de exposições e membro do grupo gestor do FotoRio. Desde 2016 dirige o Ateliê Oriente junto com Kitty Paranaguá. Como fotógrafo participou de inúmeras exposições no Brasil e fora, com destaque para “Brazilian Photography” no Museu Ludwig em Koblenz, Alemanha; “Quarup Kuarup”na G12 em Londres e “Perimetranse” no Museu Histórico Nacional no Rio de Janeiro.