A galeria da Aliança Francesa de Botafogo, no Rio de Janeiro, recebe a exposição “Trois Sillons”, da fotógrafa francesa Delphine Gatinois, de 7 de dezembro a 10 de fevereiro. A abertura da mostra aconteceu na quarta-feira, 7/12, com a presença da artista para uma visita guiada. A exposição integra a programação da 15ª edição do FotoRio, festival de fotografia que acontece desde 5 de novembro na cidade.
Primeira artista laureada pelo projeto, Delphine Gatinois vem ao Brasil no âmbito do programa de residências “O Caminho”, promovido pela rede das Alianças Francesas do Brasil e pelo Réseau Diagonal, com o apoio do Institut français, da Embaixada da França no Brasil e da Air France. Lançado em 2022, o projeto busca promover a nova geração de fotógrafos franceses no Brasil com o acolhimento deles para uma residência artística de um mês no país.
A mostra de Delphine reúne 40 obras e apresenta seis experiências realizadas ao longo dos últimos três anos, das quais persistem trípticos fotográficos e as respectivas combinações de trabalho desenhadas para cada contexto. O projeto explora o tema da agricultura contemporânea no cruzamento da performance e da fotografia.
Após uma primeira experiência em 2016 na região de Veracruz, no México, Delphine Gatinois retorna três anos depois para continuar suas observações e sua reflexão sobre a agricultura e a posse de terra. Assim, Trois Sillons teve início em 2019, nas regiões mexicanas de Jalisco e Veracruz, como resultado da necessidade de interrogar contextos agrícolas sobre repercussões ecológicas, realidades sociais, noções de propriedade e transformações da paisagem.
“Como desviar da ideia de rendimentos agrícolas? Como reproduzir o gesto ancestral da semeadura? Ao transportar sementes da França para um ambiente desfavorável, eu desafio a capacidade da natureza de recuperar seus direitos. Para realizar este gesto de plantar, procuro e delimito lotes de 60 x 60 cm onde somente meu corpo pode ficar de pé”, propõe a artista.
A exposição apresenta também partes de “La Chauve Moisson”, trabalho de observação de diferentes contextos agrícolas realizado desde 2016. A artista reúne maquinaria, ferramentas e materiais agrícolas para falar sobre a transmissão geracional e da dificuldade desta em um ambiente cada vez mais competitivo. Assim como de “Bleu Charette et Terre d’Ombrie”, que apresenta o lodo retirado das rodas e recantos das máquinas agrícolas em duas épocas de colheita. Nessas amostras e fragmentos, vê-se a vida e as variações da cor da terra.
De 08 a 19 de dezembro, Delphine Gatinois estará em Curitiba para desenvolver o projeto “O menor agricultor do mundo” na residência artística “O Caminho”, realizada em parceria entre a Aliança Francesa e o Campo das Artes. Durante a residência no Brasil, ela terá contato com agricultores e artesãos locais e contará com o apoio de pesquisadores da Universidade Federal do Paraná, que dão suporte e mantém contato constante com quem está trabalhando diretamente na terra.