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Estefania Gavina - Prix Photo AF 2017

HISTÓRICO 2017

Tema: Família(s)

Prix Photo

CONHEÇA OS GANHADORES DE 2017 — CONHEÇA OS GANHADORES DE 2017 —

Gustavo Pereira

Ana Sabiá

Aline Ribeiro

Kauhan Teixeira de Almeida

Estefania Gavina

1º lugarGustavo Pereira“O Parto”1º lugarGustavo Pereira“O Parto”

O Parto (trechos do relato de parto escrito por Priscila Bochi, mãe da Violeta) Essa história começa em 2012, quando folheávamos um livro do fotógrafo Carlos Moreira e vimos uma foto de uma menina. Fomos à última página ver seu nome: Violeta. Brincamos que se tivéssemos uma filha, esse seria seu nome.

Desde que a notícia da gravidez foi acolhida, eu só pensei em parto normal. Primeiro, queria que fosse hospitalar, nunca tinha cogitado um parto em casa, e comecei o caminho natural de quem quer se aventurar por essa experiência. Busquei fontes de informação, descobri a existência das doulas! Eu nunca tinha ouvido essa palavra antes.

A semente tinha sido plantada. Mas onde mais eu conseguiria a intimidade, liberdade e respeito à mim e à minha bebê se não na minha própria casa? Comecei a frequentar rodas de gestante, e ouvi um relato de parto domiciliar lindo. Aquilo foi se enraizando em mim, devagar, com força. Em cada roda, me sentia alimentada, me sentia cuidando do meu próprio parto, mais do que qualquer outra pessoa. (…)

Quarenta semanas e dois dias de gestação, domingão. Tinha uma feira legal na cidade, fui, cortei o cabelo, jantamos… fomos deitar perto da meia noite. Senti umas cólicas, como cólicas menstruais, tomei um remédio para ver se passavam. Não fez nem “cosquinha”. Levantei em silêncio, Gustavo já dormia, e fui para sala. Quis ficar sozinha. Estava começando e eu queria entender o que estava sendo desencadeado no meu corpo. Fui percebendo como era a dor, reconhecendo as contrações. Vinham e iam.

Após uma consulta com a obstetra na manhã da segunda-feira, fomos pra casa, e aí sim, a coisa começou! Enquanto Gustavo cozinhava o almoço, a doula chegou. Mais bolsa de água quente e massagem, massagem, massagem. Eu não conseguia comer, a dor incomodava demais. A doula me colocava em posições que colaboravam com a abertura da bacia, me encorajava… colocava no chuveiro quente, me vestia… Gustavo me dava mel, água e até vinho. Todo mundo ali cuidava de mim. A cada contração eu brigava com a dor e perguntava para a doula se ia demorar muito. E ela tentava me ajudar a entregar meu corpo àquela dor. “Deixa vir, deixa ir”. Às vezes eu só queria um abraço, queria chorar. Parir é também estar frente a frente com seus medos. É um momento mágico e muito, muito intenso. Li que o parto reúne pontos profundos da nossa sexualidade, com as ideias de morte e de início. É um mergulho de cabeça rumo ao desconhecido. E acho que pode ser muito escuro antes de clarear. Eu tinha medo da dor. Tinha medo que aumentasse e eu não conseguisse suportar.

Aos poucos fui me empenhando e a força que fazia foi sendo mais efetiva. A médica me lembrava de respirar… pela Violeta. Ela precisava que eu respirasse por nós duas – e eu frequentemente esquecia. Mais uma força e ela saiu por completo, de uma vez. Fiquei estarrecida. A médica e o Gustavo a ampararam e me deram. Abracei-a, escorregadia. Minhas pernas tremiam muito, como se fossem descolar do meu corpo e sair por aí. Eu só conseguia dizer “Meu Deus, meu Deus, meu Deus”. Ela foi grunhindo, grunhindo, até chorar, o que levou um tempinho. O cordão parou de pulsar logo e Gustavo o cortou. Da primeira cólica até o nascimento foram quase 20 horas. O expulsivo durou 45 minutos e me pareceu menos doloroso que o trabalho de parto. E foi assim: às 19h25 do dia 8 de junho de 2015, Violeta nasceu, com 49 cm e 3.240 Kg.

Eu sou muito grata às pessoas que estiveram ao meu lado nessa jornada.

2º lugarAna Sabiá“Madonnas Contemporâneas”2º lugarAna Sabiá“Madonnas Contemporâneas”

Nesta série fotográfica – que conta com posterior desenvolvimento em pesquisa acadêmica de mestrado em Psicologia Social, na Universidade Federal de Santa Catarina – foram investigados alguns dos muitos sentidos da maternidade na contemporaneidade, utilizando como principal método para elaboração e problematização do material estético-analítico, a construção de retratos fotográficos de nove mulheres-mães, que vivenciavam os primeiros doze meses subsequentes ao parto. Os retratos das mães, junto a seus filhos e filhas, foram realizados nas casas das mulheres e contém um elemento comum a todas: um varal de roupas. Neste, foram colocados objetos, especialmente selecionados pelas mulheres retratadas, que servem como signos de comunicação visual/plástica a respeito de suas experiências maternas. Tais objetos são, aqui assumidos, como transmissores de sentidos, arquitetam discursos visuais e comunicam sua biografia, tanto utilitária quanto afetiva, amalgamadas às das retratadas.

Tendo como referência a Madonna, que simboliza o perfeito amor materno na arte cristã ocidental, buscou-se apresentar um panorama referencial que contextualiza a temática da maternidade pela perspectiva das teorias feministas, explicitando a faceta crítica ante os discursos ideológicos, ainda vigentes, que determinam controle e condicionam modos de existência das mulheres em nossa sociedade. Nesse sentido, a Madonna – como símbolo artístico de mãe perfeita e amor incondicional – é justificada como uma impossibilidade concreta na vivência cotidiana. A Virgem, marcada de paradoxos, é então apresentada como referência e fonte de questionamentos na arte contemporânea e nos variados modos de existência, através de tantas artistas que fazem da fotografia a linguagem principal de questionamento na busca de desconstrução e ressignificação deste símbolo.

A família contemporânea é aqui compreendida também em sua diversidade que transborda os papéis sociais tradicionais de pai, mãe e filhos. As novas configurações de família abarcam tanto aqueles modelos tradicionais como, também, os casais homoparentais, filhos biológicos ou não e principalmente, neste ensaio, a construção de famílias no qual as mulheres-mães e seus filhos e filhas são protagonistas de suas histórias.

Prêmio Júri popular: Bourse d’études à l’AFAline RibeiroFamíliaPrêmio Júri popular: Bourse d’études à l’AFAline RibeiroFamília

Menção honrosaKauhan Teixeira de Almeida"O Quilombo"Menção honrosaKauhan Teixeira de Almeida"O Quilombo"

Retratos de uma família quilombola. Descendentes de escravos, essa família trouxe para o Brasil a tradição do Congado – Dança e canto em reverência ao rei do Congo. Há mais de 42 anos, eles mantêm essa tradição de família dos seus antepassados. Típica família brasileira com raízes africanas.

Menção HonrosaEstefania GavinaThis could have been goodMenção HonrosaEstefania GavinaThis could have been good

Há muito tempo coleciono fotografias antigas de diversas origens; achadas na rua, trocadas ou até mesmo entregues na minha portaria por catadores de lixo. Recentemente, minha avó morreu e ganhei um grande arquivo de fotografias de família, inclusive algumas rasgadas por minha mãe que por sorte consegui resgatar do lixo. A partir dos pedaços das imagens rasgadas, comecei o trabalho de juntar partes, de uma forma livre, procurando escutar as ligações secretas das imagens. Neste projeto “this could have been good” (poderia ter sido bom) proponho recriar um álbum de família, desta vez, com páginas soltas, para montar histórias fictícias (surrealistas) sobre aquilo que gostaríamos de ter sido. Esse processo me permitiu continuar rasgando fotografias para construir pela ausência, através das sobras, outra memória para as imagens. Encontrei no verso de uma das imagens a frase que da titulo ao trabalho escrita por minha avó materna. Assim intento questionar a eterna insatisfação humana, do que poderia ter sido melhor.

Eugênio Sávio

Ioana Mello

João Kulcsár

Vincent Rosenblatt

Walter Firmo

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