
CONHEÇA OS GANHADORES DE 2022 — CONHEÇA OS GANHADORES DE 2022 —
Rodrigo Masina Pinheiro
Luiz Gustavo Gomes Cardoso
Samy Sfoggia
Luisa
Luiza Possamai Kons Luiza Kons
Ricardo Tokugawa
Marina Alfaya
1º Lugar — Rodrigo Masina Pinheiro — GH, Gal e Hiroshima — 1º Lugar — Rodrigo Masina Pinheiro — GH, Gal e Hiroshima
Quando alguma coisa horrível acontece a uma criança, a realidade se torna oblíqua. Masina lembra, por exemplo, que quando chegou na porta de casa, depois de ter corrido do apedrejamento, a sua ideia sobre religião havia mudado. Antes de abrir a porta sentiu que o que era ensinado sobre perdão era abstrato, condescendente, igual a um remédio temporário. No dia seguinte ela teria que andar na mesma rua. E quando cruzasse com essas pessoas mais velhas não teria como fingir que correr das pedras era parte da brincadeira. Perdoar era uma fantasia.
No final da seleção das fotografias, há também o momento da realidade que se dá no encontro. A imagem das pernas entrelaçadas é uma afirmação de vida. Queremos imaginar infâncias dissidentes livres. O sonho é esse.
2º Lugar — Luiz Gustavo Gomes Cardoso — In Situ — 2º Lugar — Luiz Gustavo Gomes Cardoso — In Situ
O ensaio começa quando o autor, após suas pesquisas sobre suas raízes e a história do negro brasileiro, começa a sonhar com cenas e a protagoniza-las. Nos sonhos o autor toma a forma desses personagens que se assemelham a ele e, a partir dessas imagens inconscientes, começa a materializar suas primeiras imagens.
O ensaio tem como objetivo principal a busca pelas raízes e o autoconhecimento, abrindo diálogo com o espectador, instigando sua imaginação a buscar essas imagens de um tempo não vivido, para que sejam materializadas no campo dos sonhos. Buscar o passado nesse contexto é bastante difícil, porque durante quase todo o período de escravização não existia o advento da fotografia, que surgiu por volta de 1820. As coisas que foram documentadas eram pintadas ou escritas e, lógicamente, quando feitas, eram feitas por mãos brancas. Como seria a documentação imagética de uma pessoa negra que viveu nessa época? Sobre as coisas boas, as ruins, as belas e as misticas?
No projeto, as imagens são realizadas com a maior fidelidade possível aos sonhos e, para isso, os conceitos de algumas vanguardas artisticas foram mesclados (dadaísmo, surrealismo, expressionismo). Tecnicamente, as imagens são realizadas em longa exposição, com ou sem flash e em lugares, situações e momentos diferentes. No pós tratamento, é adicionada a camada estética que remete à forma como as imagens foram sonhadas.
3º Lugar — Samy Sfoggia — Period — 3º Lugar — Samy Sfoggia — Period
Prix Lovely House — Luisa — Deriva — Prix Lovely House — Luisa — Deriva
Prix Photo Climat — Luiza Possamai Kons Luiza Kons — Em nome da mãe e do pai (2020-) — Prix Photo Climat — Luiza Possamai Kons Luiza Kons — Em nome da mãe e do pai (2020-)
É no seio familiar dos ensinamentos passados em nome da mãe e do pai, que escutei como deveria me comportar. E senti o abismo entre dois universos: aquele que dizem real e o meu mundo particular de imagens/ palavras mentais. Da tensão e estranheza entre estes encontros, adentro em nossas próprias histórias que me descolam para um imaginário rural no sul do Brasil, da própria realidade ficcional, dos sonhos que anseiam em se materializar. Como uma rede espiralada.
Dez anos depois de receber o diagnóstico de TEA em busca de ordenar a confusão mental que habito: nas fronteiras entre fotografia e teatralidade enceno em autorretratos e em imagens textuais o estranhamento de minhas relações comigo mesma, e com meus pais, e irmãos, na cartografia de dois mundos que anseiam por se tocar.
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A angústia perante o descaso do governo em meio a crise sanitária, da Covid, no Brasil, com seus mais de 650 mil mortos mudaram minha perspectiva sobre a fotografia. Se escolhem os corpos que devem ou não viver, se estamos ilhados, entendo que precisamos nos narrar. Resistir. Não permitir que nos apaguem. Em cada micro história habitam, infinitas outras, que não tiveram a chance de se expressar.
Menção Honrosa — Ricardo Tokugawa — Utaki — Menção Honrosa — Ricardo Tokugawa — Utaki
Júri Popular — Marina Alfaya — Sonho morno — Júri Popular — Marina Alfaya — Sonho morno




Erika Negrel
Erika Negrel é secretária-geral da Rede Diagonal, uma rede francesa de espaços dedicados à fotografia, desde 2017. Trabalha, há mais de 10 anos, em programas de residência em arte contemporânea e participa, desde 2008, no desenvolvimento da rede territorial de arte contemporânea da metrópole de Marselha, “Provence Art Contemporain”. É também co-fundadora do programa “Coletivo”, de apoio à profissionalização para artistas visuais da Região Sul.

Joaquim Paiva
Joaquim Paiva é carioca, fotógrafo, colecionador e fomentador da fotografia brasileira e estrangeira contemporâneas. Entre suas várias exposições individuais e coletivas, exibiu seu trabalho pessoal na Maison Européenne de la Photographie, Paris, em 2016. Possui fotografias, como autor, na coleção da MEP, na Bibliothèque Nationale de France, no Museum of Fine Arts Houston, EUA, e no MAM-Rio, entre outros. No mesmo MAM-Rio, encontra-se desde 2005 a maior parte de sua coleção de fotografias. Publicou recentemente, como fotógrafo, os livros “Farsa Truque Ilusões”, “Elson faz 70” e “Foto na Hora-Lembrança de Brasília”, este na Cidade do México. Faz os seus diários autobiográficos e visuais desde 1998. Publicou o livro de artista “128 diários”, que está na coleção da Universidade de Stanford, Califórnia, EUA, e na Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro. Como leitor, desde 2000, participa de muitos festivais: a cada dois anos, FotoFest Houston; há 8 edições do Festfotopoa; do Paraty em Foco; do Foto em Pauta (Tiradentes); do FotoArte (Brasília); da Milan International Fair Art (Milão); do Photo Espanha 2006.
Retirado de Ateliê da Imagem

Marcela Bonfim
Economista, Marcela Bonfim, era outra até os 27 anos. Na capital paulista, acreditava no discurso da meritocracia. Já em Rondônia; adquiriu uma câmera fotográfica e no lugar das ideias deu espaço a imagens e contextos de uma Amazônia afastada das mentes de fora; mas latentes às vias de dentro. As lentes foram além; captando da diversidade e das inúmeras presenças negras; potências e sentidos antes desconhecidos a seu próprio corpo recém-enegrecido.
Em seu trabalho ela aborda a questão: quanto tempo demora, o negro, para se firmar nesse mundo (in)visível?
Para saber mais sobre o trabalho de Marcela Bonfim: www.amazonianegra.com.br e www.madeiradedentro.com

Nicolas Henry
Nicolas Henry é um fotógrafo e diretor artístico francês. Primeiro designer de iluminação e cenógrafo, depois diretor do projeto “6 milliards d’autres” de Yann Arthus-Bertrand, ele agora desenvolve seu trabalho pessoal. As suas séries produzidas em todo o mundo, os seus contos fotográficos e as suas instalações monumentais são o teatro de universos oníricos construídos por comunidades inteiras, que testemunham os seus compromissos solidários, humanistas e ambientais.

Paulo Marcos
Paulo Marcos de Mendonça Lima é fotógrafo profissional desde 1980, curador, professor e produtor cultural. Foi editor de fotografia dos Jornais O Globo, Lance! e O Dia. Em 2007 publicou Kuaruap Quarup, com textos de Antônio Callado e Milton Guran. É coordenador de exposições e membro do grupo gestor do FotoRio. Desde 2016 dirige o Ateliê Oriente junto com Kitty Paranaguá. Como fotógrafo participou de inúmeras exposições no Brasil e fora, com destaque para “Brazilian Photography” no Museu Ludwig em Koblenz, Alemanha; “Quarup Kuarup”na G12 em Londres e “Perimetranse” no Museu Histórico Nacional no Rio de Janeiro.

Valérie Cazin
Valérie Cazin foi jurista em direito privado, especializada em direitos autorais. Depois de fazer cursos de cenografia – no museu do Louvre – e de história visual – no Jeu de Paume, dedica-se à fotografia e seus desdobramentos no mercado de arte. Paralelamente, é hoje revisora regular de grandes festivais de fotografia como Rencontres d’Arles, Festival Circulations e Voies Off, sendo também jurada de The Boutougraphies (Presidente do Júri 2017), Fotofilmic (CA), Bourse du Talent e Les Nuits concursos de fotografia e participação em vários comitês nacionais de graduação de escolas de fotografia e design.
Retirado de Eyes in Progress

Rony Maltz
Rony Maltz é artista visual, editor e professor, doutorando em Linguagens Visuais pela EBA/UFRJ e Mestre em Fotografia pelo ICP-Bard College (NY). Pesquisa e produz livros de fotografias. Criou o selo independente {Lp} press, com Carolina Cattan, em 2015. Seu fotolivro Vila Autódromo, Rio de Janeiro, com Guilherme Freitas, ganhou o terceiro prêmio no Fotobookfestival Kassel 2019, na Alemanha, e foi exibido em diversos festivais no mundo inteiro. Produtor da Feira URCA de arte impressa e curador das exposições O erro, a rua e Livros possíveis, no Ateliê da Imagem, e Livro livre, com Leandro Pimentel, em Arles, na França. Atualmente é editor-assistente da revista ZUM, do Instituto Moreira Salles.