CONHEÇA OS GANHADORES DE 2023 — CONHEÇA OS GANHADORES DE 2023 —
Rogério Vieira
Mateus Gomes Almeida
Val Souza
felipe a avila
Julia Milward
Carlos Lima
Flávia Romano Baxhix
Carolina Foes Krieger
Estefania Gavina
Bender Arruda
1º lugar — Rogério Vieira — Somos Todos Alvos Aqui — 1º lugar — Rogério Vieira — Somos Todos Alvos Aqui
que nasce com a intenção de manter vivo o debate sobre a violência
policial sofrida por pessoas das periferias e favelas do Brasil – pessoas
que na sua maioria são de pele preta.
Ferramentas e acessórios do dia a dia são usados como metáfora, e
se referem às mortes de pessoas assassinadas por policiais que confundiram uma ferramenta com arma de fogo. Em uma segunda-feira, 17 de
setembro de 2018, Rodrigo Alexandre da Silva Serrano foi baleado por
policiais que teriam confundido seu guarda-chuva com um fuzil. Qual a
cor da pele do Rodrigo?
2º lugar e Menção especial Prix Photo Climat — Mateus Gomes Almeida — Escombros — 2º lugar e Menção especial Prix Photo Climat — Mateus Gomes Almeida — Escombros
3º lugar — Val Souza — Estudos de Vênus #1 — 3º lugar — Val Souza — Estudos de Vênus #1
A observação da repetição e ecos de alguns gestos e poses explora a dinâmica crítica das imagens difundidas e contidas nos arquivos das expedições científicas e artísticas de artistas franco-alemães, bem como as possibilidades de compreensão intersubjetiva das iconografias e da projeção dessas imagens. O estudo dos Cartés de Visité, nos fornece indicios importantes para enteder o processo de iconização das imagens de mulheres negras. Tais imagens produzidas no século XIX, chamam a atenção tanto pela qualidade estética, sua potência enquanto agência, a capacidade de produzir sentidos, de convocar diferentes apropriações e usos, e, finalmente pelas discussões em torno e pelas camadas de produção delas. Através do estudo das características formais presentes nessas imagens como: enquadramento, posição das mãos, poses corporais e/ou cores saturadas, que esta série estuda a construção da pose como agente capaz de construir uma autoimagem.
Menção especial Prix Centro Foto Copa — felipe a avila — Na sua pele consigo tocar o céu — Menção especial Prix Centro Foto Copa — felipe a avila — Na sua pele consigo tocar o céu
No toque, os corpos dissidentes do CIStema hetero branco patriarcal se curam, e conseguem efemeramente viver o sonho da liberdade em vida, experimentar uma corporalidade diferente do binarismo do gênero, reivindicando a transição e a metamorfose, abraçando a fragilidade e a delicadeza, vivendo outra performatividade de masculinidade, que não abre mão do lado feminino e reivindica sua masculinidade à margem. Do fogo desses encontros nascem estrelas com luz própria, no toque da pele com o espaço e na relação com os seres vegetais e minerais, reencantamos e entendemos outras dimensões do corpo.
Tudo que é vivo se transforma, a natureza é mudança, a cura se dá na transformação, no encontro a gente mergulha no abismo e se dilui no universo.
Menção especial Prix Centro Foto Copa — Julia Milward — Excursões Reflex: vistas — Menção especial Prix Centro Foto Copa — Julia Milward — Excursões Reflex: vistas
“No meio do caminho tinha uma pedra.” Carlos Drummond de Andrade
A heliografia do ponto de vista de uma janela do Le Gras (Nicéphore Niépce, 1826 ou 1827) inaugura a técnica que daria origem ao daguerreótipo (e, consequentemente, a fotografia). Fora as razões pragmáticas que levaram Niépce representar o tema pictórico da paisagem, essa fotogravura solar é um convite para essa outra forma de ver o lá do cá. E, nessa nova proposição de olhar, não é apenas o mundo que se apresenta para nós, mas também somos nós que temos a sensação estarmos presentes nele. Com o advento da fotografia, o imaginário da viagem passa a ser permeado por ela, que mostra o longíquo em reproduções acessíveis e transportáveis, entre o colo (Álbuns Daguerreótipos) e a palma da mão (cartão-postal).
Em “Excursões Reflex” parto dos álbuns “Excursions Daguerriennes : vues et monuments les plus remarquables du Globe”, um conjunto de gravuras modeladas a partir de daguerreótipos de vários lugares e monumentos mundiais, para repensar a relação entre o humano e a paisagem no contexto contemporâneo. Como olhar para a paisagem depois do excesso de imagens? Repetindo o gesto dos anteriores, percorro os caminhos já feitos, viajo com uma câmera reflex analógica e 15 filmes, procuro o clichê da ruína nos desertos sul-americanos.
Ao atravessar esse lugar pleno de conceito, me deparei com o artificial, o simulacro e o fictício. Deixei-me guiar pelas coisas dispostas no território, experimentei o deserto através dos rastros, segui os caminhos fora dos mapas oficiais iniciados por alheios desconhecidos, inscrevi um trajeto escrito no encontro entre os meus passos e das almas que um dia ali estiveram.
Menção especial Prix Centro Foto Copa — Carlos Lima — No refúgio eu sou tudo e não sou ninguém — Menção especial Prix Centro Foto Copa — Carlos Lima — No refúgio eu sou tudo e não sou ninguém
Esta é uma série de fotografias analógicas, em preto e branco, que procura ilustrar o corpo cansado que busca refúgio para relembrar da sua natureza primordial. Caminhando no sentido inverso da lógica do consumismo, ele abre mão do clichê de obter a originalidade através do consumo, e abandona a cansativa tarefa de construir uma identidade perfeita para assim poder se integrar ao todo. Reconectando-se com sua origem inseparável e não dual, ele aos poucos ressignifica a sua sensorialidade e se liberta do mundo das aparências.
Prêmio do júri popular — Flávia Romano Baxhix — MiraDor — Prêmio do júri popular — Flávia Romano Baxhix — MiraDor
Menção honrosa — Carolina Foes Krieger — Nostalgia da Clareira — Menção honrosa — Carolina Foes Krieger — Nostalgia da Clareira
Partindo de uma experiência pessoal, tracei reflexões sobre o processo de criação de imagens como uma abertura ao desconhecido: a mente inconsciente, ou seja, o desconhecido em nós mesmos, aquilo que não controlamos e sempre nos escapa, escapando ao próprio tempo e se alongando em nossos comportamentos e sentimentos.
Neste ensaio fui movida por um desejo imperioso de criar imagens, gerando colagens em que unia fotografias autorais com retratos de minha mãe ou fotografias realizadas por ela. Num dos retratos lancei o gesto de cobrir seu rosto com as palavras: “o grande mistério”.
Em 2 de julho de 2021, logo após o término do ensaio, uma imagem de outra ordem se estabeleceu: a morte de minha mãe. Ela agora habita o “Grande Mistério”, e pelo tempo que houver de ser, ficam os traços dessa pergunta: seriam as imagens capazes de elaborar algo que vai nos acontecer?
Menção honrosa — Estefania Gavina — Inventores do Amanhã, 2020 - 2023 — Menção honrosa — Estefania Gavina — Inventores do Amanhã, 2020 - 2023
Estes retratos identitários são documentos que revelam, a um só tempo, um modo de singularizar esses sujeitos e de sinalizar sua pertença ao corpo institucional. Este trabalho pretende olhar poeticamente para os resíduos dessas pequenas histórias incrustradas nessas imagens, misturando-as como os cacos do interior de um caleidoscópio. Remontando assim, tanto os seus traços comuns quanto suas singularidades, procurando repensar o que une e separa as vidas desses jovens, seus corpos e a própria instituição.
Menção honrosa — Bender Arruda — apagados — Menção honrosa — Bender Arruda — apagados
A série mostra intervenção com tinta preta e cor preta digital, onde não há pretos no centro das atenções, há apagamento dos "privilegiados". É um contra-ataque empático à história preta no Brasil. Os pretos sempre foram apagados.
O trabalho é um documento que reúne uma série de fotos analógicas, foto de arquivo, com manipulação digital. É um documento, um arquivo, uma memória de um frame da história do Brasil, por meio fotográfico, preto e branco, cru.
Erika Negrel
Erika Negrel é secretária-geral da Rede Diagonal, uma rede francesa de espaços dedicados à fotografia, desde 2017. Trabalha, há mais de 10 anos, em programas de residência em arte contemporânea e participa, desde 2008, no desenvolvimento da rede territorial de arte contemporânea da metrópole de Marselha, “Provence Art Contemporain”. É também co-fundadora do programa “Coletivo”, de apoio à profissionalização para artistas visuais da Região Sul.
Marcela Bonfim
Economista, Marcela Bonfim, era outra até os 27 anos. Na capital paulista, acreditava no discurso da meritocracia. Já em Rondônia; adquiriu uma câmera fotográfica e no lugar das ideias deu espaço a imagens e contextos de uma Amazônia afastada das mentes de fora; mas latentes às vias de dentro. As lentes foram além; captando da diversidade e das inúmeras presenças negras; potências e sentidos antes desconhecidos a seu próprio corpo recém-enegrecido.
Em seu trabalho ela aborda a questão: quanto tempo demora, o negro, para se firmar nesse mundo (in)visível?
Para saber mais sobre o trabalho de Marcela Bonfim: www.amazonianegra.com.br e www.madeiradedentro.com
Nicolas Henry
Nicolas Henry é um fotógrafo e diretor artístico francês. Primeiro designer de iluminação e cenógrafo, depois diretor do projeto “6 milliards d’autres” de Yann Arthus-Bertrand, ele agora desenvolve seu trabalho pessoal. As suas séries produzidas em todo o mundo, os seus contos fotográficos e as suas instalações monumentais são o teatro de universos oníricos construídos por comunidades inteiras, que testemunham os seus compromissos solidários, humanistas e ambientais.
Paulo Marcos
Paulo Marcos de Mendonça Lima é fotógrafo profissional desde 1980, curador, professor e produtor cultural. Foi editor de fotografia dos Jornais O Globo, Lance! e O Dia. Em 2007 publicou Kuaruap Quarup, com textos de Antônio Callado e Milton Guran. É coordenador de exposições e membro do grupo gestor do FotoRio. Desde 2016 dirige o Ateliê Oriente junto com Kitty Paranaguá. Como fotógrafo participou de inúmeras exposições no Brasil e fora, com destaque para “Brazilian Photography” no Museu Ludwig em Koblenz, Alemanha; “Quarup Kuarup”na G12 em Londres e “Perimetranse” no Museu Histórico Nacional no Rio de Janeiro.
Lilia Schwarcz
Lilia é uma das mais renomadas historiadoras do Brasil. Professora titular no Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo e Global Scholar na Universidade de Princeton desde 2015, atua como curadora adjunta para histórias e narrativas no Museu de Arte de São Paulo e é colunista do jornal Nexo.
É autora de, entre outros livros, As barbas do imperador (Prêmio Jabuti/Livro do Ano), O sol do Brasil (Prêmio Jabuti/Biografia) e Brasil: uma biografia (com Heloisa Murgel Starling, e indicado ao prêmio Jabuti/Ciências Humanas). Também é fundadora da editora Companhia das Letras junto com Luiz Schwarcz. Seu livro mais recente é Sobre o autoritarismo, lançado em 2019.
Foi Visiting Professor em Oxford, Leiden, Brown e Columbia. Em 2007 obteve a John Simon Guggenheim Foundation Fellow e, em 2010, recebeu a Comenda da Ordem do Mérito Científico Nacional. Apresentou, junto com o ator Dan Stulbach, em 2017, a minissérie Era uma Vez uma História, da Band. O programa apresenta, em quatro capítulos, eventos históricos desde a transferência da corte portuguesa até a abolição da escravatura no Brasil.
Lilia Schwarcz afirma que o País vive hoje uma recriação do racismo estrutural. Em 2018, a pesquisadora criou um canal no YouTube para discutir os assuntos que a transformaram em uma das maiores intelectuais brasileiras: questões raciais e história do Brasil.
Luciana Molisani
Luciana Molisani é editora, curadora de livros de arte e desenhista gráfica, graduada em Artes Visuais pela FAAP-SP. Em 2018, em parceria com José Fujocka, inaugura a Lovely House, editora e casa de livros especializada em publicação e comercialização de livros de arte, com ênfase em fotografia. Idealiza e coordena a IMAGINÁRIA_Festa do Fotolivro, o primeiro festival brasileiro dedicado aos livros de fotografia que teve a sua 1ª edição em 2021. Ao lado de Daniele Queiroz, fez a curadoria da exposição Constelações Latinas – encontros em fotolivros, com a participação de artistas latinas e que tem transitado por festivais, como IMAGINÁRIA_02 e Solar Foto Festival.
Ros4 Luz
Ros4 Luz é mulher trans, negra, artista visual, rapper, performer e comunicadora. Seu trabalho multimídia é marcado pelo caráter autobiográfico e pelo tensionamento de padrões hegemônicos. A pluralidade de linguagens com as quais se envolve revela diferentes estratégias de visibilidade e sobrevivência adotadas pela artista ao longo dos anos: seja com performances, seja com fotografias, vídeos, músicas ou rimas, Ros4 faz de seu corpo dissidente uma plataforma contra a violência, a transfobia e o racismo.
Karl Joseph
Karl Joseph nasceu em Cayenne, Guiana. Atualmente, vive em Sète, mas trabalha regularmente em sua região natal, onde também foi co-fundador da bienal Rencontres Photographiques de Guyane, da qual é diretor artístico. Como fotógrafo documental, colabora com inúmeros veículos de imprensa (Revista L’équipe, Le Monde diplomatique, Le Monde, Revista Pèlerin, La Chronique Amnesty International, …). Ele publicou La Guyane du capitaine Anato (edições Rouergue, 2019), Les Guyanais (edições Ibis rouge, 2011) e Les Contes de Malastrana (edições Terrail, 2007).
Yolande Mary
Co-fundadora e diretora da galeria Confluence, um espaço dedicado à difusão da fotografia contemporânea criado em Nantes, em 2004. Ela co-dirige este lugar que se tornou, desde 2022, o Centro Claude Cahun. Esse centro continua a apoiar a fotografia contemporânea e desenvolve um fundo de recursos para fotógrafos. É reconhecido como um centro de arte para fotografia na região do Pays de la Loire e é membro da rede DIAGONAL.